domingo, julho 13, 2014

Há quase quatro anos, fiz minha última postagem aqui. Não sei ao certo o que realmente me fez parar. Mas sei o que me traz aqui de volta agora. 

A necessidade de conversar comigo mesma. Ao mesmo tempo que me sinto transformada por todo esse tempo transcorrido, me identifico com postagens anteriores, como se fosse uma mágica. Mas veja bem, ainda sou eu, certo?


Talvez a minha busca pela maturidade de mulher "balzaquiana", independente, bem resolvida, "bonita" (na minha sincera opinião, estou mais pra ligeiramente acima da média)...seja no fim das contas uma busca frustrada.


Eu ouço sempre "Você é feliz!", "Que sorte você tem!", "Você é casada".... So what??


Não sou feliz todo dia, minha vida não é um comercial de margarina. 


Meus olhos ardem, minha garganta fecha. Faço um esforço épico para manter as lágrimas sob controle. A cada dia que passa, fica mais "fácil e natural" disfarçar, e sorrir. "Você fica bonita sorrindo", ok, hora do show então... =)


No capítulo de hoje, vamos discorrer sobre o seguinte tema: "Sou feliz, por que sou casada"

(Momento "Casos de Família")

Tenho o marido que eu escolhi. Não casei por dinheiro, nem por status, nem por conveniência, nem por que estava grávida. Eu posso afirmar categoricamente que casei apaixonada, de verdade. E acredito que a recíproca era verdadeira. Aí é que está o problema, hoje tenho dúvidas. 


Não dúvidas quanto a mim, mas dúvidas sobre o que eu represento na vida dele. Recentemente, algumas situações me obrigaram a parar e pensar a respeito do que está acontecendo. 


No meu entender ingênuo e ás vezes quase romântico, eu imagino e visualizo o olhar de alguém apaixonado sobre o ser amado. É um olhar hipnotizado, belo, que não perde o foco, que acaricia. 


Ultimamente, tenho constatado com uma profunda tristeza que esse olhar, antes direcionado a mim, agora aponta para outra pessoa. A dor é indescritível, pontual, lancinante, e sufocadora.


Tenho me comportado de maneira vergonhosa, possessiva e ciumenta. Mantenho uma ridícula vigília. Fico tentando ser melhor, mais bonita, mais sedutora. Porém uma parte de mim, sabe que é impossível. Não tenho como evitar que um ser humano se apaixone por outro. É além das minhas capacidades. Antes de ser meu marido, ele é uma pessoa. 


Pessoas quebram promessas, machucam, devastam... mesmo sem querer. 


Meu maior temor, é ser em breve aquela carta de baralho que sobra na mesa. Que é descartada, que na rodada anterior valia muitos pontos. Porém, no presente momento é só mais uma no monte. Apareceu outra carta melhor, mais bonita, cheia de adornos e charme. A sorte finalmente sorriu ao jogador. 


Quanto egoísmo meu, querer continuar fazendo parte do jogo...


A mente cria ilusões boas e ruins. Pessimismo e otimismo, ao mesmo tempo. Não sei para qual lado devo pender, qual desses pontos de vista é o mais verdadeiro. "Será que estou enganada?" "Ele ainda me ama, está apenas sendo gentil com outra?" "Ele acha outra pessoa tão interessante a ponto de não conseguir mais interagir apenas comigo" "ele fala dela aos amigos, como se estivesse fascinado, tamanha espetacular beleza ela tem", "Ele a convida para jogar seu jogo predileto, como maneira de manter uma aproximação frequente", "Ele pensa... minha esposa não gosta desse jogo mas ela pode gostar. Posso ter uma nova companheira" "Ele pensa: Estou apaixonado por outra, mas tenho consideração com a minha esposa e meus amigos, não posso me separar, por mais que fosse o ideal"


Qual meu lugar nisso tudo? 


Não tenho nada que sirva de resposta a essa pergunta. Me sinto terrivelmente fragilizada, e não sei como agir. Só sinto uma tristeza imensa, criando uma carapaça de frustrações e medos em cima de mim, que a cada hora se torna mais espessa e dura. 


Precisava colocar isso pra fora... talvez uns 5% de todas as coisas que passam na minha cabeça estejam descritas acima. Não sei dizer se me sinto melhor ou não após o desabafo. Mas foi necessário. 


See you space cowboy...